domingo, 25 de novembro de 2007

Jeanete Dalva Manoel
Texto: “Reforma Agrária no Brasil”.
“Os empresários rurais sentem ameaçado seu domínio sobre as propriedades que têm e exigem garantias do governo. Eles enfrentam simultaneamente duas coisas- um plano e um demônio é a perda da terra. O plano, porém, não se parece nem um pouco com o diabo. Como se sabe, o perfil fundiário do Brasil revela uma face iníqua. O país inteiro mede 850 milhões de hectares e os imóveis rurais ocupam 567 milhões de hectares, entre produtivos e improdutivos. Desses 567 milhões, 409 milhões compõem latifúndios (propriedades com grandes extensões de terra, acima dos 1 000 hectares). Finalmente, a metade das áreas dos latifúndios nada produz. Na outra ponta da questão, 10 milhões de famílias do campo não possuem terra para tirar dela o seu sustento. Dentro desse quadro, a proposta do governo nada tem de espantosa. Sarney planeja distribuir paulatinamente l30 milhões de hectares ociosos a esses deserdados, á média de 1,5 milhões de famílias atendidas por ano, sendo que apenas 100 000 famílias receberiam terras neste e no próximo ano. Não é demais a fatia a ser cortada, levando-se em conta que o governo pretende tirar grandes nacos de suas próprias terras- as chamadas terras devolutas- para entregar aos lavradores na hora das partilhas. Além disso, ao lançar mão de imóveis particulares, a reforma agrária de Sarney subtrairia apenas as áreas dos latifúndios improdutivos- e contra indenização.”
Extraído de Veja, n 876, l9/06/l985

Um comentário:

Tamara disse...

Adrieli e Jeanete, parabéns pelo seu esforço e sua dedicação no decorrer do curso e em sua finalização. Abs, Cid e Tamar.